Conferência Climática da ONU aprova fundo para países mais atingidos pelo aquecimento global
30/11/2023
(Foto: Reprodução) 2023 está prestes a se tornar o ano mais quente já registrado. O aviso veio da Organização Meteorológica Mundial. E detalhe: em um nível muito perto do que o histórico Acordo de Paris, de 2015, definiu como limite máximo para daqui a sete décadas. Começou nesta quinta-feira (30) em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, a 28ª edição da Conferência do Clima das Nações Unidas.
2023 está prestes a se tornar o ano mais quente já registrado. O aviso veio da Organização Meteorológica Mundial. E detalhe: em um nível muito perto do que o histórico Acordo de Paris, de 2015, definiu como limite máximo para daqui a sete décadas para evitar os piores impactos das mudanças climáticas.
"Estamos seriamente em apuros", frisou o chefe da ONU, António Guterres, ao cobrar que líderes mundiais usem o evento anual mais importante para tentar salvar a saúde do planeta, com medidas para conter as emissões de gases de efeito estufa.
Para abrigar as delegações de quase 200 países ao longo de duas semanas, a COP28 em Dubai é realizada em um centro de convenções enorme, assim como o desafio do próprio evento. Ambientalistas apontam um paradoxo: uma conferência da ONU para o clima presidida pelo chefe de uma estatal de petróleo, o sultão Al Jaber, que abriu o evento.
Sultão Al Jaber
JN
Esta semana, uma reportagem da rede britânica BBC apresentou documentos que teriam sido escritos para ele se preparar para reuniões, com pelo menos 27 governos, para defender os interesses da gigante petrolífera Adnoc, enquanto deveria estar focado em esforços para promover a redução de combustíveis fósseis.
Nesta quarta (29), o sultão Al Jaber negou o conteúdo da reportagem. Nesta quinta, ele prometeu engajar a indústria que mais polui em um diálogo proativo.
Polêmicas à parte, a COP começou com um acordo que o sultão chamou de histórico. Depois de anos de discussões, países ricos anunciaram as primeiras contribuições para o Fundo Perdas e Danos, anunciado na COP do ano passado, para ajudar as nações mais vulneráveis a lidar com os desastres climáticos.
A ministra do Meio Ambiente celebrou:
"Já começamos hoje com alguns ganhos em relação ao que temos pela frente. E esse mecanismo, durante muito tempo, era um tabu, não podia nem ser mencionado nas COPs. De repente, ele é aprovado. Já temos o primeiro aporte de recursos de países ricos na ordem de quase US$ 400 milhões".
Marina Silva
JN
Marina Silva explicou que o Brasil até pode recorrer a esse fundo, mas a prioridade é países com renda mais baixa.
A advogada especialista em mudanças climáticas, Caroline Prolo, acha que ainda nem dá pra estimar o tamanho da necessidade, diante de antigas previsões que hoje já são tristes realidades:
"A gente não sabe o tamanho desse custo. É algo que pode ser muito maior do que a gente imagina em termos de reparação de danos econômicos, perdas de vidas humanas, migrações ambientais. A gente tem países que vão ser totalmente submersos pelo aumento dos níveis dos oceanos, que já estão fazendo acordos para, inclusive, poder migrar inteiramente dos seus territórios para outros países vizinhos. Então, realmente, é algo que tem uma dimensão que a gente desconhece ainda e talvez, por isso, precise de um tratamento próprio".
LEIA TAMBÉM:
COP28: combate às mudanças climáticas deve caminhar com agendas da biodiversidade, diz climatologista
Transição energética, jantar sobre Amazônia e reuniões com presidentes da França, Israel e UE; veja agenda de Lula na COP 28